sexta-feira, 8 de maio de 2015

Magistério, uma Profissão em Declínio

Por que diminui o número de jovens interessados em cursar uma licenciatura e dedicar-se ao magistério, conforme diz a revista Época (14/4/2008, p.72)? A resposta é óbvia: a desvalorização do professor, sobretudo no Brasil, cresce paulatina e sistematicamente.
A remuneração é desanimadora para quem deseja ingressar na carreira do magistério. O maior salário inicial para nível superior, no Brasil, é de R$ 2.268,00 (30 horas semanais – Acre) e o menor, de R$ 599,00 (30 horas semanais – Pernambuco). São Paulo, o Estado mais rico da federação, paga R$ 1.660,00 (30 horas semanais). Roraima oferece R$ 1.547,74 de vencimento inicial, cuja remuneração vai para R$ 2.105,00 com a GID (Gratificação de Incentivo à Docência). No final da carreira, as gratificações desaparecem e o professor, que dedicou sua vida à educação, se torna um mendigo.
Com o recente reajuste dado pelo Governo do Estado de Roraima a técnicos de nível superior, a distância entre o professor e esses profissionais, em termos de remuneração, aumentou vertiginosamente. Quem vai almejar uma carreira que não deslancha nunca? Quando se fala em aumento salarial para professor, leva-se em consideração o inchaço na folha de pagamento, porque o número de professores é sempre bem maior que o de outros profissionais. É o mesmo que ocorre com os aposentados que ganham salário-mínimo.
O Plano de Carreira do Magistério Público do Estado de Roraima não estimula ninguém que almeje passar o resto da vida se dedicando ao ensino. A diferença salarial entre o iniciante da carreira e aquele que está na reta final é insignificante. Se um professor, por exemplo, terminar um doutorado hoje, receberá, na ativa, R$ 3.661,94. Sem direito a qualquer ascensão daí para a frente.
Com raríssimas exceções, apenas jovens das classes marginalizadas resolvem abraçar a carreira do magistério, por falta de condições socioeconômicas e até de preparo acadêmico para competir, em outras áreas mais promissoras, com os filhos dos ricos no vestibular de uma universidade pública e gratuita.
As condições de trabalho são cada vez mais precárias e as cobranças, maiores. A revista Nova Escola nº. 211 divulga que “cada vez mais professores sofrem com estresse, dores de cabeça, distúrbios de voz e tantos outros problemas”. E por que o professor adoece? Porque a gestão não lhe dá apoio ou suporte extraclasse, os cursos de formação superior pecam no currículo centrado em teorias, falta tempo para estudo e lazer, a indisciplina dos alunos se eleva, as condições físicas e estruturais das escolas pioram, o currículo é defasado e o apoio da sociedade vem diminuindo. Segundo Mary Yale Rodrigues Neves, da Universidade Federal da Paraíba, “a progressiva desqualificação e o não reconhecimento social potencializam o sofrimento dos docentes”. No passado, ser professor era status. Hoje, uma desmoralização.
Circula a informação de que o professor será cobrado por produtividade. Significa dizer que, se ele não conseguir melhorar o desempenho dos seus alunos, poderá até mesmo perder o emprego. Isso seria justo se o professor tivesse as mínimas condições para desenvolver um bom trabalho. Não é o que ocorre de norte a sul do Brasil.
Esses dados explicam por que jovens bem instruídos, competentes, na hora de escolher uma profissão, põem em último lugar o magistério. Não resta dúvida que existe uma orquestração para desestabilizar a educação pública e, por conseguinte, a figura do professor.


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