Por Antonio de Souza Matos
Não há como contestar
que o índice de indisciplina cresce nas escolas de todo o País, diminuindo o
nível de aprendizagem e causando transtornos mentais tanto em alunos quanto em
professores. O principal motivo desse fenômeno é, sem dúvida alguma, a ausência
de limites em casa.
Os pais saíram de um
extremo para outro. Antes as regras eram rígidas e inegociáveis. A criança, o
adolescente e o jovem não tinham voz. Não podiam discordar; simplesmente
obedecer. Se transgredissem, sofriam as penalidades: não raro, duras, cruéis e
até mesmo desumanas.
Havia pais que punham
os filhos de joelhos em cima de caroços de milho durante horas; outros que os
torturavam com chicotes, cinturões ou palmatórias; outros ainda que chegavam a bater-lhes
com qualquer coisa que estivesse ao alcance da mão: pedaços de mangueira,
ferramentas, paus e até coisas pontiagudas.
Com certeza, essa
forma autoritária e despótica de impor limites não era apropriada, pois deixava
marcas indeléveis tanto no físico quanto na alma dos filhos, prejudicando o seu
desenvolvimento psicossocial.
Por causa disso e de
outros desmandos cometidos por autoridades, iniciou-se um processo, em todo o
mundo, na década de sessenta, com o Movimento Hippie, de luta contra qualquer tipo de regra ou convenção social.
Os mentores desse movimento tinham em vista estabelecer uma nova ordem mundial,
na qual a geração jovem pudesse fazer o que bem entendesse: desde a prática do
sexo livre até o uso de entorpecentes.
A semente lançada naquela
época brotou, fez-se uma gigantesca árvore e está dando frutos. Hoje, no final
da primeira década do século XXI, o ideal da ausência de limites se consolidou,
e isso pode ser visto na maioria dos lares brasileiros – a começar pela mudança
do conceito tradicional de família.
Em nome de uma
suposta liberdade, pais já não conseguem dizer não aos filhos. Assim, estes crescem
como pequenos ditadores, altamente egoístas, mesquinhos e intolerantes com
aqueles que se colocam em seu caminho, exigindo-lhes qualquer tipo de
obediência.
Na escola, não
aceitam fazer as atividades pedagógicas. Pelo contrário, decidem brincar ao
celular ou simplesmente bater-papo com os colegas. Opõem-se às cobranças dos
mestres e às retaliações por atitudes de indisciplina. Consideram os
professores como inimigos ao invés de enxergá-los como parceiros na construção
do conhecimento e na superação de eventuais deficiências de aprendizagem.
É claro que os pais
de antigamente não estavam certos em impor limites daquela maneira, mas os pais
de hoje também não estão certos ao abdicarem da sua responsabilidade de educar
os filhos, deixando de estabelecer regras claras de convivência social. Algo
precisa ser feito com urgência para restabelecer a disciplina tanto em casa
quanto na escola, senão é imprevisível o que acontecerá às futuras gerações.
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