quarta-feira, 9 de julho de 2014

Qual o pior vexame?


Chamou-nos atenção (e de todo o mundo) a vexatória derrota da seleção brasileira de futebol por 7x1 da “Alemáquina” (a poderosa seleção da Alemanha). Indubitavelmente, nem o mais otimista alemão cogitou tamanho massacre aqui, em nossa casa.

Inúmeros comentários e brincadeiras estamparam os principais jornais do mundo: “Humilhação mundial. Mais vergonhoso do que o Maracanazo” ou ainda “O adeus é brasileiro”, entre outros.

O que me impressionou foi a total apatia da seleção brasileira de futebol. Ou seja, não ter jogado com garra, determinação, equilíbrio e um esquema tático que pudessem, ao menos, dificultar o poderoso meio de campo alemão. Ainda que perdêssemos, seria menos vergonhoso. Porém, ocorreu totalmente o contrário. Entraram e atuaram com um ar derrotista (sem a presença de Neymar, como se o esporte fosse individual e não coletivo), sem honrar as cores do uniforme nacional, tampouco pensaram na alegria daqueles milhões de brasileiros que têm no futebol um efeito anestesiante para as agruras da vida.

A derrota serviu também para se repensar toda a estrutura do futebol brasileiro e isso requer mexer com alguns cartolas poderosos, que há anos se perpetuam no poder e não têm qualquer compromisso com a ética, a transparência, a organização, a gestão e a seriedade que exigem o futebol nacional (e qualquer outro esporte). Mas, isso seria outra reflexão; outro artigo. Perdoem-me a breve digressão. 

Falemos do verdadeiro vexame, afinal, mesmo diante da humilhação e da aula de futebol proporcionadas pela Alemanha, a seleção brasileira terminará o mundial de 2014 entre as 4 melhores seleções do mundo.

Há índices muito expressivos dos quais temos de nos envergonhar.

Vejamos, por exemplo, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA, que teve início no ano 2000 e é estabelecido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com o objetivo de aferir as políticas públicas e resultados educacionais dos países vinculados. Essa avaliação ocorre de 3 em 3 anos e o Brasil figura nas últimas posições, apesar do expressivo aumento da qualidade na educação dos últimos anos.

Na última edição (2012), dos 65 países participantes, o Brasil obteve as seguintes colocações: 57º em Matemática; 54º em Ciências; 58º em Leitura. Esses índices são vexatórios!

No entanto, ninguém chora, não se esbraveja, não existem protestos! Se, porém, os dados refletissem o futebol, a postura das pessoas seria outra. Mas, continuemos a nossa análise. 

Outra análise internacional é a “Curva de Aprendizado”, que foi realizada pelo Pearson, líder mundial no desenvolvimento de soluções para a educação. Esta curva visa combinar diversos indicadores (rankings e seus critérios), classificando o desempenho educacional em 39 países e Hong Kong. “O relatório explora fatores relacionados às mudanças de desempenhos globais de educação e à importância das habilidades pessoais para o século 21”. Dos 40 participantes, o Brasil ficou na posição 38ª.

Ainda que tenha sido humilhante a derrota para a Alemanha, penso que a verdadeira derrota está em outras paragens. Talvez, essa perda do futebol tenha sido providencial, para que as pessoas despertem e se rebelem contra as verdadeiras humilhações que obstam a edificação de um país melhor no campo da educação, saúde, segurança, economia, meio ambiente, lazer e distribuição de renda...
Curiosamente 7 itens, que goleada não seria, né? 

Fontes:
http://thelearningcurve.pearson.com/
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/brasil-so-nao-pior-em-educacao-que-mexico-e-indonesia



Por Marcos Paulo

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