Tudo
começou com a televisão que universalizou quase tudo com a rapidez de um
vendaval digno de saci.
Ele
já habitava nossas terras há muito tempo! Parte importante de nossa cultura e
folclore vem de crenças indígenas, que se juntou a detalhes africanos e
europeus, a monstros e animais assustadores ou heróis. É o nosso moleque brincalhão, travesso, que
caminha numa perna só na velocidade de um vendaval, sem perder seu capuz vermelho
nem seu cachimbo sempre aceso. Suas molequices causam transtornos como esconder
objetos, bagunçar as casas, queimar panelas de feijão, em disparadas noturnas
sobre um cavalo ou em suas andanças nos redemoinhos de vento.
Nosso
moleque, nascido de uma moita de bambu, parece que foi esquecido, perdido nas
matas, com a chegada das bruxas e seu “raloím”
(Halloween).
Agora
as crianças, no dia 31 de outubro, comemoram o Dia das Bruxas, pura tradição
estrangeira. Os celtas acreditavam que
as almas penadas voltavam à terra para recuperar suas vidas, na passagem de um
novo ciclo ao iniciar um longo inverno. Assim, todo tipo de zumbis, bruxas, duendes,
assombrações, monstros perambulavam pelas ruas para assustar e aterrorizar os
mortos que voltavam
neste dia para se apropriar dos vivos.
Popularizada nos EUA, as crianças, fantasiadas, saíam às ruas em alegres bandos abordando as pessoas com trick or treat – gostosuras ou travessuras! Por meio de filmes, a tradição chegou aqui, deixando nosso saci no esquecimento.
Popularizada nos EUA, as crianças, fantasiadas, saíam às ruas em alegres bandos abordando as pessoas com trick or treat – gostosuras ou travessuras! Por meio de filmes, a tradição chegou aqui, deixando nosso saci no esquecimento.
Que
tal, numa atitude de resistência cultural em terras tupiniquins, resgatar a
mítica popularidade e reviver em casa ou nas escolas com a criançada as
travessuras e brincadeiras no dia do Saci Pererê, também 31 de outubro?
O
molequinho já teve seus dias de duas pernas, conhecedor e protetor dos segredos
das florestas conhecido desde o século XVII. Correndo, brincando e lutando
capoeira, perdeu uma perna e foi imortalizado pelas travessuras no “Sítio do
Pica Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato, e pelos traços de Ziraldo junto à turma
do Chico Bento e outras lendas brasileiras.
Incentive sua escola ou mostre às
crianças de sua convivência como podemos homenagear, comemorar e brincar neste
dia, deixando o “raloím” para as escolas de língua inglesa ou para as férias na
Disney! A globalização é importante nos novos conhecimentos e na troca de
culturas, mas não podemos deixar que ela acabe com nossas tradições, cantigas
de roda, brincadeiras, poesias, histórias...
Muitos
municípios comemoram a data com exposições, oficinas, shows, brincadeira: São
Luiz Do Paraitinga, Uberaba, Vitória, Poços de Caldas, Embu das Artes,
Fortaleza etc. Consulte se sua cidade não promove algo para esta comemoração
que pode acontecer entre a última semana de outubro e a primeira de novembro.
Aproveite para uma festa à fantasia!
É
hora de refletir se não estamos valorizando demais uma cultura estrangeira em
detrimento da nossa.
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