sexta-feira, 15 de maio de 2015

Da Palmatória ao “É Proibido Proibir”

Por Antonio de Souza Matos

Não há como contestar que o índice de indisciplina cresce nas escolas de todo o País, diminuindo o nível de aprendizagem e causando transtornos mentais tanto em alunos quanto em professores. O principal motivo desse fenômeno é, sem dúvida alguma, a ausência de limites em casa.
Os pais saíram de um extremo para outro. Antes as regras eram rígidas e inegociáveis. A criança, o adolescente e o jovem não tinham voz. Não podiam discordar; simplesmente obedecer. Se transgredissem, sofriam as penalidades: não raro, duras, cruéis e até mesmo desumanas.
Havia pais que punham os filhos de joelhos em cima de caroços de milho durante horas; outros que os torturavam com chicotes, cinturões ou palmatórias; outros ainda que chegavam a bater-lhes com qualquer coisa que estivesse ao alcance da mão: pedaços de mangueira, ferramentas, paus e até coisas pontiagudas.
Com certeza, essa forma autoritária e despótica de impor limites não era apropriada, pois deixava marcas indeléveis tanto no físico quanto na alma dos filhos, prejudicando o seu desenvolvimento psicossocial.
Por causa disso e de outros desmandos cometidos por autoridades, iniciou-se um processo, em todo o mundo, na década de sessenta, com o Movimento Hippie, de luta contra qualquer tipo de regra ou convenção social. Os mentores desse movimento tinham em vista estabelecer uma nova ordem mundial, na qual a geração jovem pudesse fazer o que bem entendesse: desde a prática do sexo livre até o uso de entorpecentes.
A semente lançada naquela época brotou, fez-se uma gigantesca árvore e está dando frutos. Hoje, no final da primeira década do século XXI, o ideal da ausência de limites se consolidou, e isso pode ser visto na maioria dos lares brasileiros – a começar pela mudança do conceito tradicional de família.
Em nome de uma suposta liberdade, pais já não conseguem dizer não aos filhos. Assim, estes crescem como pequenos ditadores, altamente egoístas, mesquinhos e intolerantes com aqueles que se colocam em seu caminho, exigindo-lhes qualquer tipo de obediência.
Na escola, não aceitam fazer as atividades pedagógicas. Pelo contrário, decidem brincar ao celular ou simplesmente bater-papo com os colegas. Opõem-se às cobranças dos mestres e às retaliações por atitudes de indisciplina. Consideram os professores como inimigos ao invés de enxergá-los como parceiros na construção do conhecimento e na superação de eventuais deficiências de aprendizagem.
É claro que os pais de antigamente não estavam certos em impor limites daquela maneira, mas os pais de hoje também não estão certos ao abdicarem da sua responsabilidade de educar os filhos, deixando de estabelecer regras claras de convivência social. Algo precisa ser feito com urgência para restabelecer a disciplina tanto em casa quanto na escola, senão é imprevisível o que acontecerá às futuras gerações.


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