O termo de origem inglesa (cut = cortar) tem sido, atualmente, atribuído a uma série de comportamentos nefastos cujo objetivo consiste em infligir sofrimento físico a si mesmo, no processo de automutilação.
Essa síndrome atinge os adolescentes, na faixa dos 12 aos 20 anos, e ocorre quando situações de vida complicadas (desestruturação familiar), fracasso na escola (reprovações) e bullying (violência na escola) acarretam a baixa autoestima e o sofrimento moral e emocional torna-se insuportável.
Utilizada como forma de mitigar essa dor (moral e emocional), o cutting consiste em cortes auto-infligidos em várias partes do corpo (pulso, parte interna dos braços, coxas), que não são muito visíveis, e em queimaduras, mordidas e açoites aplicados de forma violenta, em si mesmos.
Os adolescentes que recorrem as essas práticas cruéis contra si mesmos sofrem de transtornos psicológicos, em geral, depressão, agem de forma a não ser percebidos pela família, cultivam sentimentos de culpa, após a prática do cutting, mas acabam viciados e dependentes da dor que provocam.
Essa síndrome confirma o que psiquiatras e psicólogos já conheciam como resultado dos estudos freudianos – a dor física é suportável, a dor moral e emocional não é. Por esse motivo, a substituição de uma por outra vem sendo incorporada ao comportamento dos adolescentes depressivos.
É importante ressaltar que a prática do cutting não visa especificamente ao suicídio, mas a morte pode ocorrer se, acidentalmente, alguma artéria for atingida.
Os professores devem estar atentos e observar seus alunos com cuidados redobrados em busca de sinais (cicatrizes, hematomas) que possam apontar possíveis praticantes do cutting, pois esse comportamento é classificado como doença pela Organização Mundial de Saúde – OMS e necessita de tratamento especializado.
Alunos identificados como tal devem ser atendidos pela Coordenação e por setores de Apoio ao Aluno, que possuam, entre seus membros, psicólogos que possam orientá-los e a sua família para que busquem cuidados médico-psicológicos, pois essa síndrome é grave e pode evoluir para outros transtornos mais complexos como, por exemplo, o Transtorno da Personalidade Borderline (ou limítrofe), que se caracteriza pelo fato de a pessoa, já na idade adulta, não ter a noção do eu (self), não ter preferências, não ter perspectivas de futuro, não ser capaz de escolher uma profissão, nem de manter relacionamentos, ter autoestima negativa e um grande vazio existencial que pode levar ao consumo de álcool e drogas e pode culminar no suicídio.
Por Magda Querino
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