sexta-feira, 11 de outubro de 2013

EaD com Neurismar Torres #15 - O Tutor sob a Perspectiva da Pedagogia da Alegria, do Sonho e da Sedução


Hoje estimulo o meu lado romântico, apreciando a passagem da florada rosa, amarela, branca e roxa dos ipês de Brasília, na primavera, só comparáveis ao caminho que trilhava, nessa época, em João Pessoa, até o Liceu Paraibano, onde estudava, adornado pelas flores das acácias. Belas caminhadas de sonhos, chão coberto pelas flores da vida, de um amarelo intenso, gravado no mais íntimo de meu ser.
Foi-se o tempo, ficaram as lembranças...
Comparo, poeticamente, minhas recordações das flores ao trabalho do Tutor da Educação a Distância – EaD. Profissionais que devem possuir atributos suficientes para fazer florescer uma Pedagogia Emanada da Alegria, do Prazer, do Sonho e da Sedução.
Segundo Bergo (2002), as pessoas que não sonham não realizam, não criam, apenas se repetem. O Tutor de EaD deve sonhar e valorizar a utopia, pois dela advém sua competência para estimular o aprendiz a perseguir seus sonhos, transformando-os em projetos de vida, concretizando a construção do seu conhecimento.
Concordo plenamente com aqueles que consideram o Tutor um Construtor do Saber, pois que, além das orientações didático-pedagógicas, o Tutor transcende, envolvendo-se com atividades de aconselhamento, de atenção, de comprometimento, pautando sua conduta ética em termos reais do significado de cooperatividade, flexibilidade, pesquisa, criatividade e autonomia.
Curto as ideias de Pretti (2000), no entendimento de que o Tutor de EaD rompe a relação face a face com os aprendizes, reconhecendo que as aprendizagens ultrapassam as salas de aula convencionais, processando-se em espaços e tempos diferentes, para que ocorra um fenômeno natural quando aquele que ensina e aqueles a quem se ensina estão fisicamente separados, mas juntos no espaço e no tempo, com a intervenção dos recursos tecnológicos modernos.
Aprendi, com Moran (2007), que ensinar, embora seja um processo complicado, possui muitos momentos prazerosos. Assim entendi que o Tutor de EaD encontra os caminhos de aproximação com os aprendizes pela comunicação interativa  e afetiva e pelo otimismo, procurando despertar e incentivar suas capacidades de enfrentar desafios e de construir conhecimentos de forma lúdica.
Penso o Tutor como mediador da aprendizagem, apresentando características tais como:
 saber extrair, compartilhar e construir junto com o aluno;
• colocar-se como instrumento da aprendizagem nos momentos de incertezas, dúvidas, erros, avanços e sucessos dos alunos;
• compartilhar responsabilidades e parcerias no planejamento, nas realizações e avaliações;
• disponibilizar-se para o diálogo em qualquer lugar e tempo;
• estimular o aluno a registrar suas reflexões, seus sonhos e sua trajetória pedagógica.
Em Matias Gonzalez de Souza, no artigo intitulado – A Arte da Sedução Pedagógica na Tutoria em Educação a Distância (2004) –, destaco as seguintes citações referentes à Sedução Pedagógica.
 A Educação Sedutora deve compor a missão pedagógica do Tutor como facilitador e mediador da construção do saber (p.1).
• A relevância e a complexidade do papel do Tutor nos programas/projetos de Educação a Distância demonstram a necessidade de um perfil profissional com habilidades e competências quase paradigmáticas. Espera-se que o Tutor, além de possuir domínio da política educativa da instituição e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade, exerça uma Sedução Pedagógica adequada ao processo educativo do aprendente (p.1).
 O Tutor bem-formado e informado investe na construção de uma relação de respeito e confiança com seu aluno, buscando despertar o amor ao conteúdo, visando a superar os obstáculos encontrados pelo aprendiz (p.2).
 Os Tutores exercem atos de efeito, utilizam-se de imagens, sons e movimentos para seduzir os aprendentes e levá-los ao caminho desejado (p.2).
 A relação pedagógica Tutor/Aprendiz conclama a uma construção cotidiana, pois, sozinho, o aprendente vacila, perde o rumo, o estímulo. O Tutor em processo de mediação apoia o aluno e incentiva-o na retomada do caminho (p.2).
 Desde que haja interatividade, à medida que o processo de aprendizagem se efetiva, a relação do aprendiz com o Tutor muda, aprofunda-se, estreitando-se o laço afetivo e propiciando a permeabilidade educativa. Portanto, o caminho mais viável e a melhor alternativa para consecução da missão educativa pelo Tutor em EaD vêm a ser a Sedução Pedagógica (p.7).
 Na visão humanista de Meira (1999, p.132, apud SOUZA, MATIAS GONZALEZ) a Arte de Educar demonstra a necessidade de o Tutor atualizar-se nas práticas pedagógicas para, intencionalmente, seduzir o aprendiz na direção do saber libertador (p.3).
 A capacidade do Tutor em mediar, conhecer a realidade de seus alunos em todas as dimensões, pessoal, social, familiar e escolar, torna-se de fundamental importância de forma a oferecer aos aprendentes possibilidades permanentes de diálogo, desenvolver empatia, atitude de cooperação e iniciativa, para que os alunos tomem consciência de suas responsabilidades na elaboração dos próprios projetos de vida (p.3).
 O Tutor, aplicando coerentemente o poder de uma Pedagogia Sedutora, identifica suas próprias capacidades e limitações para atuar de forma realista com visão de superação. Tal percepção certamente possibilitará uma efetiva comunicação entre o nível institucional e o corpo discente tutorado (p.4).
 Por essa visão, cabe ao Tutor promover recompensas positivas aos seus aprendentes. Observe-se a alegria incontestável quando um aluno recebe elogios. Tal recompensa contribuirá para o reforço da sua autoestima, portanto, o bom Tutor estimula o prazer de aprender, elogia o desempenho do aprendiz, louva sua responsabilidade, sua pontualidade, seu desempenho ou seu simples esforço (p.5).
 Para exercer o Fascínio sobre os aprendentes e mantê-los atentos, motivados e orientados, cabe ao Tutor demonstrar total domínio das ferramentas de trabalho que irá utilizar na Tutoria. O Tutor Sedutor impressiona pela capacidade de indicar novos caminhos, atalhos e o manejo eficaz das ferramentas a sua disposição, o amor e o gosto pelo que faz, a disponibilidade na escuta, no apoio e na orientação em suas limitações temporais (p.5).
 Cabe ao Tutor manter um comportamento ético irrepreensível. O bom exemplo moral e ético será a forma mais poderosa de Sedução a ser exercida. O Tutor não necessita impor seus próprios valores e expectativas, mas, sim, favorecer um campo propício para, mediante a valorização de ideias e opiniões divergentes, apontar soluções pautadas na ética, envolvidas na honestidade intelectual e no rigor científico (p.6).
 A Arte da Paciência e Tolerância deve compor a práxis pedagógica e propiciar uma sintonia afetiva nas relações entre os  aprendentes e o Tutor (p.6).
 No papel de mediador entre o saber e o aprendiz, o Tutor Sedutor mostra, conscientemente, não ser o detentor exclusivo do conhecimento, mas, antes de tudo, uma ponte para fluência dos saberes em construção (p.6).
 No exercício da Arte de Seduzir Pedagogicamente, o Tutor deve buscar a autenticidade dos seus atos pedagógicos e pessoais, vez que é visto como um todo, devendo zelar pela verdade no campo pessoal e intelectual, o que simboliza o caminho para o exercício da confiança, da criatividade e da liberdade no grupo e fora dele (p. 7).
 Ousar na Arte de Educar, buscando conhecer todos os métodos e recursos já experimentados e provados, torna-se imperativo a todos os envolvidos na Tutoria em Educação a Distância, bem como, romper velhos paradigmas e abraçar a missão de educar sem medo, sem o receio de se aproximar demais, de estreitar os laços de afeto e, sobretudo, sem o excessivo pudor de exercer a sutil Arte de Seduzir Pedagogicamente os que esperam, com avidez, pelo saber libertador (p.7).
 Admiro profundamente essas citações e não me canso de repassá-las. Ressalto e enalteço, sempre, como o autor foi feliz na tradução que fez sobre a Arte da Sedução.
Concluo minha prosa consciente da importância para o Tutor de EaD do requisito Sedução, que, juntamente com a Alegria e com o Sonho, vão torná-lo o diferencial no processo pedagógico da EaD.

2 comentários:

  1. Maria Claudia Veronese11 de outubro de 2013 às 15:49

    Você não foi só romântica, mas também sedutora nesta sua colocação sobre o tutor. Não só o aprendente é seduzido, também o tutor, que no fundo é mais que um professor. Dedicado e exclusivo. Com a convivência e com o que percebo serem os tutores da Escola Aberta, não tenho dúvidas: PARABÉNS a todos pelo carinho, seriedade e sabedoria com que trabalham!

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  2. Como já dito certa vez: "O amor supera todas as coisas" assim é o trabalho de qualquer profissional que se dedica e faz o que ama.
    Esse texto da Professora Neurismar nos lembra nosso saudoso Paulo Freire quando diz que "Educar é um ato de amor" e o amor leva à sedução, à dedicação, ao carinho e ao melhor resultado.

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