Hoje estimulo o meu lado romântico, apreciando a passagem da florada rosa, amarela, branca e roxa dos ipês de Brasília, na primavera, só comparáveis ao caminho que trilhava, nessa época, em João Pessoa, até o Liceu Paraibano, onde estudava, adornado pelas flores das acácias. Belas caminhadas de sonhos, chão coberto pelas flores da vida, de um amarelo intenso, gravado no mais íntimo de meu ser.
Foi-se
o tempo, ficaram as lembranças...
Comparo,
poeticamente, minhas recordações das flores ao trabalho do Tutor da Educação a
Distância – EaD. Profissionais que devem possuir atributos suficientes para
fazer florescer uma Pedagogia Emanada da
Alegria, do Prazer, do Sonho e da Sedução.
Segundo
Bergo (2002), as pessoas que não sonham não realizam, não criam, apenas se
repetem. O Tutor de EaD deve sonhar e valorizar a utopia, pois dela advém sua
competência para estimular o aprendiz a perseguir seus sonhos, transformando-os
em projetos de vida, concretizando a construção do seu conhecimento.
Concordo
plenamente com aqueles que consideram o Tutor um Construtor do Saber, pois que, além das orientações
didático-pedagógicas, o Tutor transcende, envolvendo-se com atividades de
aconselhamento, de atenção, de comprometimento, pautando sua conduta ética em
termos reais do significado de cooperatividade, flexibilidade, pesquisa,
criatividade e autonomia.
Curto
as ideias de Pretti (2000), no entendimento de que o Tutor de EaD rompe a
relação face a face com os aprendizes, reconhecendo que as aprendizagens ultrapassam
as salas de aula convencionais, processando-se em espaços e tempos diferentes,
para que ocorra um fenômeno natural quando
aquele que ensina e aqueles a quem se ensina estão fisicamente separados,
mas juntos no espaço e no tempo, com a intervenção dos recursos tecnológicos
modernos.
Aprendi, com Moran
(2007), que ensinar, embora seja um processo complicado, possui muitos momentos
prazerosos. Assim entendi que o Tutor de EaD encontra os caminhos de
aproximação com os aprendizes pela comunicação interativa e afetiva e pelo otimismo, procurando
despertar e incentivar suas capacidades de enfrentar desafios e de construir
conhecimentos de forma lúdica.
Penso o Tutor como
mediador da aprendizagem, apresentando características tais como:
• saber extrair, compartilhar e construir junto com o aluno;
• colocar-se como instrumento da aprendizagem nos
momentos de incertezas, dúvidas, erros, avanços e sucessos dos alunos;
• compartilhar responsabilidades e parcerias no
planejamento, nas realizações e avaliações;
• disponibilizar-se para o diálogo em qualquer
lugar e tempo;
• estimular o aluno a registrar suas reflexões,
seus sonhos e sua trajetória pedagógica.
Em Matias Gonzalez
de Souza, no artigo intitulado – A Arte da Sedução Pedagógica na Tutoria em
Educação a Distância (2004) –, destaco as seguintes citações referentes à Sedução
Pedagógica.
• A Educação Sedutora deve compor a missão
pedagógica do Tutor como facilitador e mediador da construção do saber (p.1).
• A relevância e a complexidade do papel do Tutor
nos programas/projetos de Educação a Distância demonstram a necessidade de um
perfil profissional com habilidades e competências quase paradigmáticas.
Espera-se que o Tutor, além de possuir domínio da política educativa da
instituição e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade,
exerça uma Sedução Pedagógica adequada ao processo educativo do aprendente
(p.1).
• O Tutor bem-formado e informado investe na
construção de uma relação de respeito e confiança com seu aluno, buscando
despertar o amor ao conteúdo, visando a superar os obstáculos encontrados pelo
aprendiz (p.2).
• Os Tutores exercem atos de efeito, utilizam-se
de imagens, sons e movimentos para seduzir os aprendentes e levá-los ao caminho
desejado (p.2).
• A relação pedagógica Tutor/Aprendiz conclama a
uma construção cotidiana, pois, sozinho, o aprendente vacila, perde o rumo, o
estímulo. O Tutor em processo de mediação apoia o aluno e incentiva-o na
retomada do caminho (p.2).
• Desde que haja interatividade, à medida que o
processo de aprendizagem se efetiva, a relação do aprendiz com o Tutor muda,
aprofunda-se, estreitando-se o laço
afetivo e propiciando a permeabilidade educativa. Portanto, o caminho mais
viável e a melhor alternativa para consecução da missão educativa pelo Tutor em
EaD vêm a ser a Sedução Pedagógica (p.7).
• Na visão humanista de Meira (1999, p.132, apud SOUZA,
MATIAS GONZALEZ) a Arte de Educar demonstra a necessidade de o Tutor atualizar-se nas práticas pedagógicas para, intencionalmente, seduzir o aprendiz na
direção do saber libertador (p.3).
• A capacidade do Tutor em mediar, conhecer a
realidade de seus alunos em todas as dimensões, pessoal, social, familiar e
escolar, torna-se de fundamental importância de forma a oferecer aos
aprendentes possibilidades permanentes de diálogo, desenvolver empatia, atitude
de cooperação e iniciativa, para que os alunos tomem consciência de suas
responsabilidades na elaboração dos próprios projetos de vida (p.3).
• O Tutor, aplicando coerentemente o poder de uma Pedagogia
Sedutora, identifica suas próprias capacidades e limitações para atuar de forma
realista com visão de superação. Tal percepção certamente possibilitará uma
efetiva comunicação entre o nível institucional e o corpo discente tutorado
(p.4).
• Por essa visão, cabe ao Tutor promover
recompensas positivas aos seus aprendentes. Observe-se a alegria incontestável
quando um aluno recebe elogios. Tal recompensa contribuirá para o reforço da
sua autoestima, portanto, o bom Tutor estimula o prazer de aprender, elogia o
desempenho do aprendiz, louva sua responsabilidade, sua pontualidade, seu desempenho
ou seu simples esforço (p.5).
• Para exercer o Fascínio sobre os aprendentes e
mantê-los atentos, motivados e orientados, cabe ao Tutor demonstrar total
domínio das ferramentas de trabalho que irá utilizar na Tutoria. O Tutor Sedutor
impressiona pela capacidade de indicar novos caminhos, atalhos e o manejo
eficaz das ferramentas a sua disposição, o amor e o gosto pelo que faz, a
disponibilidade na escuta, no apoio e na orientação em suas limitações
temporais (p.5).
• Cabe ao Tutor manter um comportamento ético
irrepreensível. O bom exemplo moral e ético será a forma mais poderosa de Sedução
a ser exercida. O Tutor não necessita impor seus próprios valores e
expectativas, mas, sim, favorecer um campo propício para, mediante a
valorização de ideias e opiniões divergentes, apontar soluções pautadas na
ética, envolvidas na honestidade intelectual e no rigor científico (p.6).
• A Arte da Paciência e Tolerância deve compor a práxis pedagógica e propiciar uma
sintonia afetiva nas relações entre os aprendentes
e o Tutor (p.6).
• No papel de mediador entre o saber e o aprendiz,
o Tutor Sedutor mostra, conscientemente, não ser o detentor exclusivo do
conhecimento, mas, antes de tudo, uma ponte para fluência dos saberes em
construção (p.6).
• No exercício da Arte de Seduzir Pedagogicamente,
o Tutor deve buscar a autenticidade dos seus atos pedagógicos e pessoais, vez
que é visto como um todo, devendo zelar pela verdade no campo pessoal e
intelectual, o que simboliza o caminho para o exercício da confiança, da
criatividade e da liberdade no grupo e fora dele (p. 7).
• Ousar na Arte de Educar, buscando conhecer todos
os métodos e recursos já experimentados e provados, torna-se imperativo a todos
os envolvidos na Tutoria em Educação a Distância, bem como, romper velhos
paradigmas e abraçar a missão de educar sem medo, sem o receio de se aproximar
demais, de estreitar os laços de afeto e, sobretudo, sem o excessivo pudor de
exercer a sutil Arte de Seduzir Pedagogicamente os que esperam, com avidez,
pelo saber libertador (p.7).
Admiro profundamente essas citações e não me
canso de repassá-las. Ressalto e enalteço, sempre, como o autor foi feliz na
tradução que fez sobre a Arte da Sedução.
Concluo
minha prosa consciente da importância para o Tutor de EaD do requisito Sedução,
que, juntamente com a Alegria e com o Sonho,
vão torná-lo o diferencial no processo pedagógico da EaD.
Você não foi só romântica, mas também sedutora nesta sua colocação sobre o tutor. Não só o aprendente é seduzido, também o tutor, que no fundo é mais que um professor. Dedicado e exclusivo. Com a convivência e com o que percebo serem os tutores da Escola Aberta, não tenho dúvidas: PARABÉNS a todos pelo carinho, seriedade e sabedoria com que trabalham!
ResponderExcluirComo já dito certa vez: "O amor supera todas as coisas" assim é o trabalho de qualquer profissional que se dedica e faz o que ama.
ResponderExcluirEsse texto da Professora Neurismar nos lembra nosso saudoso Paulo Freire quando diz que "Educar é um ato de amor" e o amor leva à sedução, à dedicação, ao carinho e ao melhor resultado.