quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Artigo: Dos Caras-pintadas ao Black Bloc


Nos últimos quatro meses, tem-se visto manifestação do povo brasileiro em forma de protesto.

                Uma verdadeira multidão foi às ruas munida de cartazes, apitos, máscaras, pinturas faciais, corações ardentes e ideologias fascinantes. Temos de concordar que, ao observar a massa e suas idéias, não haveria mais poderosa munição para o objetivo proposto.

                Não precisamos ser profundos conhecedores da história político-social brasileira para sabermos que grandes conquistas foram garantidas por meio de mobilização e levante popular.

                Assim diz nossa Constituição:

Art. 5º CF

     IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

   IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

   XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

                No ano de 1992 houve uma grande mobilização popular, estudantes foram às ruas pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo. Por acusações de corrupção e por suas medidas econômicas nada populares.

                O que se pôde ver, então,  fora a união de um povo cansado de ser deixado de lado, e o que se pôde ouvir, fora o grito de “basta” dos que se mantinham inertes enquanto o “poder” deitava e rolava sobre os pareceres coletivos sem a menor preocupação com a maioria.

                Jovens colocaram para fora toda a sua indignação e mostraram que, em um país intitulado democrático, a opinião popular tem sim seu valor e seu peso. Por meio desta luta tão bonita e digna, a vontade do povo se fez.

                Mas o que o movimento dos caras-pintadas de 1992 e o “vem pra rua” de 2013 tem em comum?

                Infelizmente o povo brasileiro possui reações sintomáticas e anafiláticas. Não somos um povo que historicamente acompanha de perto e fiscaliza o trabalho de seus governantes. De tempos em tempos e, conforme o que é descoberto e noticiado, a insatisfação nos move ou não.

Diferentemente de 1992, nossos jovens vão às ruas para defender direitos coletivos e têm sido tachados por muitos de “vagabundos, rebeldes, filhinhos de papai”. Não que há 20 anos não tenha sido assim, a diferença é que nossos jovens têm sido tratados pela polícia como se realmente o fossem.

O próprio líder dos caras-pintadas afirma isto:

“Na minha época não existia isso, ninguém precisava levar vinagre nas mochilas para se proteger dos efeitos de gás lacrimogêneo. Estou mal impressionado. Nós [os caras-pintadas] invadimos muitos lugares e eu nunca vi uma coisa como essa.”

 Lindenbergh Farias

                A opressão e o despreparo incentivou o aumento do grupo nomeado “Black blocs”, pessoas mascaradas e vestidas de preto que participam dos protestos e depredam patrimônios como uma forma de “alerta” impondo pensamentos anticapitalistas e anarquistas.
                Diferente de 1992, temos perdido o foco, a força e, sobretudo, o respeito sobre o direito à voz.

                Não estou aqui para criticar, nem saudar manifestações antigas ou atuais, apenas torço para que a juventude não se coloque de canto novamente e saiba usar a voz com sabedoria.

A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo.”



Por Michelle dos S. Oliveira

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