Nos últimos
quatro meses, tem-se visto manifestação do povo brasileiro em forma de
protesto.
Uma
verdadeira multidão foi às ruas munida de cartazes, apitos, máscaras, pinturas
faciais, corações ardentes e ideologias fascinantes. Temos de concordar que, ao
observar a massa e suas idéias, não haveria mais poderosa munição para o
objetivo proposto.
Não
precisamos ser profundos conhecedores da história político-social brasileira
para sabermos que grandes conquistas foram garantidas por meio de mobilização e
levante popular.
Assim
diz nossa Constituição:
Art. 5º CF
IV - é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX - é livre a
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;
XVI - todos
podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente;
No
ano de 1992 houve uma grande mobilização popular, estudantes foram às ruas
pedir o impeachment do então
presidente Fernando Collor de Melo. Por acusações de corrupção e por suas
medidas econômicas nada populares.
O
que se pôde ver, então, fora a união de
um povo cansado de ser deixado de lado, e o que se pôde ouvir, fora o grito de
“basta” dos que se mantinham inertes enquanto o “poder” deitava e rolava sobre
os pareceres coletivos sem a menor preocupação com a maioria.
Jovens
colocaram para fora toda a sua indignação e mostraram que, em um país
intitulado democrático, a opinião popular tem sim seu valor e seu peso. Por
meio desta luta tão bonita e digna, a vontade do povo se fez.
Mas
o que o movimento dos caras-pintadas de 1992 e o “vem pra rua” de 2013 tem em
comum?
Infelizmente
o povo brasileiro possui reações sintomáticas e anafiláticas. Não somos um povo
que historicamente acompanha de perto e fiscaliza o trabalho de seus
governantes. De tempos em tempos e, conforme o que é descoberto e noticiado, a
insatisfação nos move ou não.
Diferentemente
de 1992, nossos jovens vão às ruas para defender direitos coletivos e têm sido
tachados por muitos de “vagabundos, rebeldes, filhinhos de papai”. Não que há
20 anos não tenha sido assim, a diferença é que nossos jovens têm sido tratados
pela polícia como se realmente o fossem.
O próprio
líder dos caras-pintadas afirma isto:
“Na minha época não
existia isso, ninguém precisava levar vinagre nas mochilas para se
proteger dos efeitos de gás lacrimogêneo.
Estou mal impressionado. Nós [os caras-pintadas] invadimos muitos lugares e eu
nunca vi uma coisa como essa.”
Lindenbergh
Farias
A opressão e o despreparo
incentivou o aumento do grupo nomeado “Black blocs”, pessoas mascaradas e
vestidas de preto que participam dos protestos e depredam patrimônios como uma
forma de “alerta” impondo pensamentos anticapitalistas e anarquistas.
Diferente de 1992, temos perdido
o foco, a força e, sobretudo, o respeito sobre o direito à voz.
Não estou aqui para criticar,
nem saudar manifestações antigas ou atuais, apenas torço para que a juventude
não se coloque de canto novamente e saiba usar a voz com sabedoria.
“A melhor maneira de
prever o futuro é inventá-lo.”
Por Michelle dos S. Oliveira
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